CAMINHOS DA FEIJOADA - FEIJOADA NO CAMINHOS
Ola pessoal, o frio chegou de vez e nesta estação nada melhor que aquela feijoada caseira, feita sem pressa para que o sabor do feijão preto se confunda com os pertences do porco e os demais ingredientes que o prato pede. Segue ai um artigo interessante sobre este prato que é um clássico em nossa colunária.
A primeira menção à iguaria data do início do século XIX em um anúncio publicado no Diario de Pernambuco, na cidade do Recife, em 7 de agosto de 1833, no qual o recém-inaugurado Hôtel Théatre informa que às quintas-feiras seria servida "feijoada à brasileira".[2]
Em 3 de março de 1840, também no Diario de Pernambuco, o Padre Carapuceiro publicava um artigo, no qual dizia:
“Nas famílias onde se desconhece a verdadeira gastronomia, onde se tomam rega-bofes, é prática usual e comezinha converter em feijoada os fragmentos do jantar da véspera, ao que chamam enterro dos ossos [...] Lançam-se em uma grande panela ou caldeirão restos de perus, de leitões assados, fatacões de toucinho e de presunto, além disto bons vassalhos de carne seca vulgo ceará, tudo vai de mistura com o indispensável feijão: fica tudo reduzido a uma graxa![3]”
Feijoada com diversos acompanhamentos: arroz, mandioca frita, torresmo, laranja, caipirinha, entre outros.
Em 1848, o mesmo jornal do Recife já anunciava a venda de "carne de toucinho, própria para feijoadas, a 80 réis a libra". No dia 6 de janeiro de 1849, no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, é comunicado que a recém instalada casa de pasto "Novo Café do Commércio", junto ao botequim da "Fama do Café com Leite", servirá em todas as terças e quintas-feiras, a pedido de muitos fregueses, "A Bella Feijoada à Brazilleira".
Existe também um recibo de compra pela Casa Imperial, de 30 de abril de 1889, em um açougue da cidade de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, no qual se vê que consumiam-se carne verde, de vitela, carneiro, porco, linguiça, linguiça de sangue, fígado, rins, língua, miolos, fressura de boi e molhos de tripas. O que comprova que não eram só escravos que comiam esses ingredientes, e que não eram de modo algum "restos". Ao contrário, eram considerados iguarias. Em 1817, Jean-Baptiste Debret já relata a regulamentação da profissão de tripeiro, na cidade do Rio de Janeiro, que eram vendedores ambulantes, e que se abasteciam destas partes dos animais em matadouros de gado e porcos. Debret também informa que os miolos iam para os hospitais, e que fígado, coração e tripas (de vaca, bois e porcos) eram utilizados para se fazer o angu, comumente vendido por escravas de ganho ou forras nas praças e ruas da cidade. Dessa prática, surge o que, no Rio de Janeiro, se denomina "angu à baiana", principalmente porque leva, em sua composição, o azeite de dendê (azeite de palma).
Portanto, a sua criação e nome tem relação com modos de fazer portugueses, das regiões da Estremadura, das Beiras e de Trás-os-Montes e Alto Douro, que misturam feijão de vários tipos - menos o feijão preto (de origem americana) - linguiças, orelhas e pé de porco. De fato, os cozidos são comuns na Europa, como o cassoulet francês, que também leva feijão no seu preparo. Na Espanha, o cozido madrilenho e a fabada asturiana e, na Itália, a casseruola ou casserola milanesa são preparados com grão-de-bico. Aparentemente, todos estes pratos tiveram evolução semelhante à da feijoada, que foi incrementada com o passar do tempo, até se transformar no prato da atualidade. Câmara Cascudo observou que sua fórmula continua em desenvolvimento.
A lenda popular mais difundida sobre a origem da feijoada é a de que os senhores forneciam a seus escravos os "restos" dos porcos, quando estes eram carneados. O cozimento desses ingredientes, com feijão e água, teria feito nascer a receita. Tal versão, contudo, não se sustenta, seja na tradição culinária, seja na mais leve pesquisa histórica. Segundo o historiador Carlos Augusto Ditadi, em artigo publicado na revista Gula, de maio de 1998, esse mito é nascido do folcloremoderno, numa visão romanceada das relações sociais e culturais da escravidão no Brasil.
Fonte: Wikipedia